
A América Latina sempre enfrentou o dilema entre a integração e o isolamento. Gabriel García Márquez, em Cem Anos de Solidão, retratou essa realidade através da fictícia Macondo, uma cidade que, apesar de suas riquezas, permaneceu desconectada do mundo. Esse cenário se reflete na história da região, onde projetos de desenvolvimento foram frequentemente interrompidos por crises políticas e econômicas.
No entanto, no século XXI, a Rota Bioceânica surge como um marco na história da integração sul-americana. Com 3.250 km de extensão, essa rota logística conecta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, reduzindo distâncias e fortalecendo laços econômicos e culturais. Mato Grosso do Sul, localizado estrategicamente no trajeto, desempenha um papel crucial nesse projeto, com o deputado estadual Renato Câmara sendo um de seus principais articuladores.
Reunião Fortalece Integração Comercial
No dia 19 de fevereiro de 2025, um encontro promovido por Renato Câmara reuniu a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul (FCDLMS) e uma delegação da província de Jujuy, Argentina. Como presidente da Frente Parlamentar em Apoio ao Varejo e Comércio de Serviços de MS, o deputado tem sido um defensor ativo da amplificação dos laços comerciais e culturais com os países vizinhos, destacando o impacto da Rota Bioceânica para a economia regional.
Desafios e Soluções para Conectividade
Uma das questões centrais discutidas foi a necessidade de reduzir o tempo de deslocamento entre Campo Grande e Jujuy. Atualmente, a viagem terrestre leva cerca de 17 horas, mas poderia ser reduzida para apenas duas horas com a implementação de voos diretos. Essa mudança impulsionaria negócios, turismo e reduziria custos operacionais para empresas.
Dados de 2023 já indicam alta demanda por essa conexão, com aproximadamente 7 mil passageiros viajando entre Chile, Argentina e Mato Grosso do Sul. O diretor do Aeroporto Internacional de Campo Grande, Usiel Paulo Vieira, ressaltou a necessidade de modernização da infraestrutura aeroportuária. Nos próximos dois anos, estão previstos R$ 510 milhões em investimentos para os aeroportos de Campo Grande, Ponta Porã e Corumbá, além da destinação de 200 hectares para exploração logística.
Parcerias para um Desenvolvimento Inclusivo
Renato Câmara reforça que a Rota Bioceânica não deve beneficiar apenas grandes corporações, mas também pequenos e médios empreendedores. “Precisamos criar oportunidades que atendam às demandas dos nossos comerciantes e prestadores de serviço”, destacou.
O presidente da CDL Campo Grande, Adelaido Vila, apontou que os próximos dois anos serão decisivos para a concretização do projeto. Ele enfatizou a importância de parcerias com Chile e Argentina para atrair empresas aéreas interessadas em operar na região. Além disso, setores como bares e restaurantes de Jujuy e Itaparacá podem desempenhar um papel vital na criação de um ecossistema econômico integrado.
Compromisso com a Integração
O encontro resultou na assinatura de um Termo de Integração e Cooperação Mútua entre a FCDLMS e os representantes de Jujuy, estabelecendo um compromisso de colaboração para fortalecer o comércio entre as regiões. Um grupo de trabalho foi criado para acompanhar as ações da Rota Bioceânica, englobando setores como turismo, cultura, comércio, agropecuária e indústria.
Mais do que uma infraestrutura logística, a Rota Bioceânica representa uma transformação na relação entre os países sul-americanos. Ao encurtar distâncias e fomentar a cooperação, esse projeto abre caminho para uma América Latina mais conectada e próspera, consolidando Mato Grosso do Sul como um dos protagonistas dessa nova era de integração regional.
Com informações: Assessoria de imprensa ALEMS