Perda de sobrinha fez Wanderson criar projeto para ajudar outras famílias nos primeiros socorros

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Wanderson Escobar Colman - motorista socorrista do SOS Unimed de Campo Grande

Wanderson Escobar Colman, 42 anos, tem a palavra desafio gravada na mente e esta palavra resumi o dia a dia deste motorista socorrista do SOS Unimed de Campo Grande.

O socorrista conta que em um dos momentos mais difíceis de sua vida, ele precisou tomar uma atitude para poder ajudar o próximo e assim evitar que passassem pela mesma situação. “Há um ano perdemos uma sobrinha de apenas quatro meses, ela engasgou ao se alimentar. A mãe dela não tinha noção nenhuma do que fazer. Quando a minha sobrinha faleceu, fiquei muito abalado, porque eu poderia ter ensinado a família a ter esses primeiros cuidados”, lembra o socorrista.


O incômodo pela perda deixou de ser apenas um sentimento e fez com que Escobar tornasse palpável algo que sempre esteve em seu DNA: transmitir seus conhecimentos. Mesmo com poucos incentivos, e até mesmo algumas críticas, elaborou um projeto voluntário que tem o intuito de levar para dentro dos lares, de maneira simples e eficaz, o primeiro socorro. Não é à toa que o nome de seu programa é “Como se fosse um dos nossos. Primeiros socorros em ambiente familiar”.

“A ideia é essa, levar para as famílias onde o filho vai saber o que fazer caso encontre o pai desacordado ou uma mãe saber o que fazer caso seu filho esteja engasgado. Abordo os temas mais comuns, como manter a calma, chamar o recurso correto e necessário, curativos, imobilizações, o que fazer em casos de desmaios, massagem cardíaca (identificação e procedimento) e desengasgo (manobras em lactentes, crianças, adolescentes e adultos)”, explica.



Sobre suas aulas terem ensinamentos simples e precisos, Wanderson enfatiza que durante o primeiro socorro o que temos em casa pode salvar vidas. “Uso materiais que temos em casa para poder fazer de maneira simples e precisa. Uso revistas, pedaços de madeira, bonés, tipoia de camiseta e camisa, entre outros”.  

Por ser um projeto voluntário, o condutor socorrista relata que é difícil encontrar pessoas que o ajudem, e brinca dizendo que no programa que criou ele assume tudo, da logística à ação. “A palestra dura uma hora e meia e ofereci no centro comunitário, que me recebeu. O que me segura um pouco de fazer mais palestras é o tempo, porque trabalho em dois empregos. Já a divulgação, eu faço por contra própria”, completa.



Em vigor há apenas dois meses, o projeto do socorrista já teve um grande feito, que, com certeza, tornou-se combustível para seguir em frente, levando para tantas outras famílias o conhecimento do primeiro socorro.

“Uma família que participou da palestra contou que dois adolescentes estavam sozinhos em casa, os pais haviam ido ao mercado. Por um descuido, durante uma brincadeira, o cachorro da família mordeu o rosto da menina de 15 anos, fazendo um corte de média proporção, porém com bastante sangramento. O filho, de 12 anos, prontamente seguiu alguns pontos cruciais para o primeiro socorro: chamou ajuda de imediato e estancou o sangramento com um tecido, fazendo a compressão direta no local. Foi maravilhoso ouvir aquilo”. 

Por fim, Wanderson conta que criar e fazer parte deste projeto é inspirador. “Sinto-me vivo. E para mim, viver é ajudar as pessoas a viverem”.

Com informações: Ascom Unimed Campo Grande MS