Nova Lima: erosão, lixo e obras inacabadas prejudicam rio Botas e afetam comunidade

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Areeiro no rio Botas/ Foto: Revista A Foto

A região do bairro Nova Lima, localizado na região norte de Campo Grande, enfrenta sérios problemas de erosão e drenagem, agravados pela falta de manutenção e fiscalização adequada. A areia, proveniente da erosão e do uso inadequado das áreas ciliares, tem sido um grande problema para os moradores.

Erosão e acúmulo de areia

O areeiro localizado nas margens do Rio Botas é um exemplo claro do impacto da erosão. A areia, levada pelos bairros e pela utilização irresponsável das áreas ciliares, acumula-se nas laterais do rio, prejudicando o fluxo de água. Pequenas cachoeiras e paredes de areia são visíveis em diversos pontos do rio, evidenciando a falta de mata ciliar e o descaso com as Áreas de Preservação Permanentes (APPs).

Impacto na usina hidrelétrica

A Fazenda Santa Isabel, onde funciona uma usina hidrelétrica, sofre com a baixa produção de energia devido ao acúmulo de areia e lixo no rio. João Souza, gerente da propriedade desde 2005, relatou que a usina teve uma queda acentuada na produção nos últimos quatro anos. Para contornar o problema, foi necessário instalar uma draga para remover a areia do rio, resultando na extração diária de 5 a 6 carretas e vários caminhões truck carregados de areia.

Problemas com lixo

Lixo vindo dos bairros ocupam as margens do rio – Foto: Silas Lima

Além da areia, o rio também acumula lixo levado dos bairros da cidade, incluindo garrafas, sacolas plásticas e até cadáveres. Em dezembro de 2023, um cadáver foi encontrado na barragem da usina. A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul registrou o caso como “Morte a Esclarecer” e encaminhou o inquérito ao Poder Judiciário.

Obras inacabadas no bairro Nova Lima

De acordo com o Portal da Transparência de Campo Grande, o bairro Nova Lima possui cinco frentes de obras, mas apenas uma foi concluída totalmente. Os contratos incluem serviços de manejo de águas pluviais, pavimentação e sinalização viária, com valores que variam de R$ 11 a R$ 22 milhões. A maioria das obras está atrasada ou incompleta, contribuindo para os problemas de drenagem e alagamento.

Desafios diários dos moradores

Os moradores do bairro enfrentam dificuldades constantes, especialmente em dias de chuva. A falta de drenagem adequada leva à formação de lama e inundações, causando transtornos e prejuízos. Mujacir Alves, moradora desde 1985, teve que construir uma mureta para impedir que a água invadisse sua casa. André Luiz, outro morador, relatou que a enxurrada impede a passagem de veículos, tornando as ruas intransitáveis.

Manutenção dos piscinões

Antônio Carlos Silva Sampaio, engenheiro civil e ambiental, destacou a necessidade de manutenção periódica dos piscinões para evitar a fuga de sedimentos e o rompimento das barragens. A falta de acompanhamento constante pode levar a erosões severas e à degradação do lençol freático.

Segundo o especialista, a presença de água pode ser do lençol freático.

Falta de respostas da Prefeitura

A reportagem da Revista AFoto tentou obter esclarecimentos da Prefeitura de Campo Grande sobre a situação das obras e a limpeza dos bueiros e piscinões, mas não obteve resposta (durante reportagem). Enquanto isso, a falta de planejamento e manutenção continua a impactar negativamente a vida dos moradores do bairro Nova Lima e região.

Os problemas enfrentados pelo Nova Lima e bairros vizinhos são um reflexo da falta de gestão e planejamento adequado. A erosão, o acúmulo de areia e lixo, e as obras inacabadas agravam a situação, causando transtornos diários para os moradores. A intervenção das autoridades é urgente para resolver esses desafios e melhorar a qualidade de vida na região.

Com informações: Revista AFoto @revista_afoto