A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) apura se houve negligência no caso da menina Sophia Jesus Ocampo, de 2 anos, que foi atendida em postos de saúde de Campo Grande por 30 vezes antes de morrer. A Sesau apura se houve falhas nos atendimentos prestados à menina.
O processo administrativo vai ouvir servidores públicos da Sesau para colher informações. Tudo que será coletado durante a investigação será enviado à Justiça e Polícia Civil, segundo o secretário Sandro Benites.
“Já está sendo apurado. Vamos investigar se houve ou não negligência em relação ao atendimento da Sesau. Tivemos com uma juíza da vara da infância para discutir assuntos diversos e o da Sophia foi um deles. Na suspeita, o médico tem a obrigação de comunicar os órgãos competentes. Não é na comprovação, mas na suspeita de abuso“.
O secretário municipal de Saúde, Sandro Benites, informou que não há prazo para a abertura da sindicância e que a homologação da investigação deve ser publicada em Diário Oficial.
Certidão de óbito
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O Instituto de Medicina Legal (IML) emitiu uma declaração de óbito em que aponta que a causa da morte de Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, foi por um trauma na coluna cervical, que evoluiu para o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica.
A reportagem teve acesso a declaração de óbito da Sophia, que apresenta que a causa da morte foi por um trauma raquimedular na coluna cervical, que evoluiu para uma hemorragia interna. O médico emergencista, Rodrigo Silva de Quadros, esclarece que houve uma lesão grave na coluna da menina.
“Trauma raquiomedeular significa uma lesão na medula espinhal e pode ser em qualquer altura do corpo. A medula espinhal é protegida por essa estrutura óssea que a gente conhece como a coluna cervical, coluna torácica e lombar. Essa lesão significa que existiu um trauma, e esse trauma causou a lesão na medula espinhal e na coluna vertebral”, explicou o médico.
De acordo com a Polícia Civil, o pai da criança realizou duas denúncias de maus-tratos em 2022 e ambos os inquéritos policiais foram concluídos e encaminhados ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).
A polícia identificou ainda que a menina foi atendida na rede pública de saúde mais de 30 vezes. Em uma das idas à unidade, a pequena estava com fratura na tíbia, mas o caso sequer foi avisado à polícia. Em resposta ao número de atendimentos a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) negou que os funcionários identificaram violência.
Dia da morte
Segundo a avó da menina, uma professora de 48 anos, a criança estava passando mal e vomitando, desde o início da manhã de quinta-feira (26), dia em que morreu.
No dia, Sophia estava sendo cuidada pela mãe, Stephanie de Jesus Dada Silva, de 24 anos, e chegou a ter uma melhora no início da tarde. No entanto, a criança voltou a piorar por volta das 17h.
Ela foi levada pela própria mãe à UPA do bairro Coronel Antonino, mas chegou no local sem vida. Segundo informações da polícia, a criança já estava morta havia cerca de quatro horas quando deu entrada na unidade.
Ainda segundo a avó, a neta tinha hematoma nas costas, na boca, teve sangramento pelo nariz e apresentava abdômen inchado, indicando uma possível hemorragia interna.
Casa insalubre
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Uma equipe de jornalismo do G1 foi até a casa onde a menina Sophia morava com a mãe e o padrasto, na região norte de Campo Grande, e viu a residência em situação de abandono, com roupas penduradas no varal, brinquedos jogados no chão e fezes de animais espalhadas pela varanda.
Na casa onde a criança morava, bitucas e caixas de cigarro foram encontradas espalhadas na varanda da casa. Garrafas de bebidas alcoólicas também foram vistas.
Além disso, brinquedos da menina ficaram espalhados pelo chão da varanda, próximo à lavanderia e até no varal.
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Prisão em flagrante
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A mãe, Stephanie de Jesus Dada Silva, e o padrasto, Christian Campoçano Leitheim, foram presos em flagrante na quinta-feira (26) pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil.
Já no sábado (28), o juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, converteu, durante audiência de custódia, a prisão dos suspeitos de temporária em preventiva.
O padrasto foi levado para a Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira. A mãe foi transferida para um presídio no interior do estado, por motivos de segurança.
As informações são do G1-MS