
As unidades do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) em Campo Grande, Três Lagoas e Dourados, vão ficar de plantão no sábado, dia 29 e no domingo, dia 30, véspera e dia do segundo turno das eleições, para receber denúncias de assédio eleitoral.
O plantão vai funcionar das 7h às 16h. Serão recebidas denúncias tanto de vítimas de assédio eleitoral no trabalho ou de pessoas que presenciaram atitudes discriminatórias por parte dos empregadores.
O regime extraordinário de plantão será realizado pelo MPT em todo o país, com o objetivo de permitir uma resposta rápida e efetiva frente ao aumento expressivo de denúncias da prática de assédio eleitoral no ambiente de trabalho.
Em todo o país o número de denúncias passa de 1.600. Em Mato Grosso do Sul, segundo o MPT-MS, o número de denúncias de assédio eleitoral e coação em locais de trabalho quase que dobrou em apenas um dia. De terça-feira (25) para quarta (26), as denúncias saltaram de nove para 16.
As denúncias foram feitas em casos de assédio eleitoral envolvendo empresas privadas e de administração pública (entes federativos e autarquias públicas), conforme informou o MPT-MS ao G1.
Em Mato Grosso do Sul, das 16 denúncias, 11 foram feitas por funcionários de empresas privadas e quatro, envolvendo assédio eleitoral na administração pública (entes federativos e autarquia pública), segundo o MPT-MS.
Denúncia em Campo Grande
Servidores da empresa JSRM Consultoria e Prestação de Serviços Elétricos afirmaram terem sido coagidos, ameaçados com demissão em massa e “obrigados” para votar em Jair Bolsonaro (PL), pelo empresário João Roberto Saueia Marques.
Os funcionários dizem terem denunciado o caso de assédio eleitoral ao Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT-MS), que confirmou o recebimento da Notícia de Fato.
O empreendimento, que tem sede em Campo Grande, se manifestou por meio do setor jurídico. Ao g1, o advogado Luiz Augusto confirmou que “houve a reunião de costume e que foi falado sobre a importância do voto”, porém “não houve coação para voto em nenhum candidato”.
Alguns funcionários, que não serão identificados, foram ouvidos pelo g1 e relataram detalhes da reunião descrita como “intimidadora” e “humilhante” .
“A reunião foi bem rápida e direta, meu patrão disse: ‘o Brasil está nas nossas mãos, vocês decidem se vão votar no ladrão ou na pessoa correta. Se vocês votarem no ladrão, eu vou fechar minha empresa, e tchau, obrigado! Vou mandar todos embora’”, relembrou um dos funcionários.
A fala do empresário foi confirmada por mais de um funcionário do empreendimento. Os servidores disseram que a reunião ocorreu na segunda-feira (24), logo pela manhã, às 8h.
“Quando a gente chegou para trabalhar, por volta das 8h, o patrão pediu para irmos para uma reunião. Quando chegamos lá, o patrão começou a falar do partido que ele não gosta, no caso o Partido dos Trabalhadores (PT). Começou a chamar o Lula de ladrão e a expor a opinião dele. No final, ele falou que não era para votar nesse candidato, porque se esse candidato ganhasse, ele ia fechar a empresa e todos iriam ficar desempregados, ia mandar embora”, detalhou outro servidor.
Cerca de 80 funcionários foram reunidos para escutar o discurso do empresário, segundo os trabalhadores ouvidos pelo g1. Antes de irem para a reunião, os servidores imaginavam que o teor da conversa seria die receberam as “ameaças”, como descrevem, com espanto. Saiba como denunciar casos de assédio eleitoral mais abaixo.
Como denunciar casos de assédio eleitoral
Qualquer pessoa que presenciar direta ou indiretamente episódios capazes de configurar assédio ou coação eleitoral, em um ambiente de trabalho, deve denunciar imediatamente ao MPT-MS.
Para isso, clique neste link ou baixar o aplicativo MPT Pardal, disponível nos sistemas Android e IOS. O serviço on-line de denúncias funciona 24 horas e as ocorrências podem ser feitas de forma anônima.
Com informações do G1-MS