Há pouco mais de uma semana, vítimas de uma estamparia que desabou em Petrópolis, na região serrana do Rio, ainda sentem os efeitos da tragédia. Eles não tiveram ferimentos graves, mas até agora a empresária não sabe como vai fazer para ajudá-los, e eles dizem que ainda estão abalados. “A gente fica com a cabeça estranha”, define Fernando Augusto, de 41 anos e mais conhecido como Júnior.

Ele e outras cinco pessoas estavam na última terça-feira (15/2) em uma estamparia localizada na Chácara Flora, próximo à Vila Felipe. “Só fomos ter noção da gravidade da chuva quando uma vizinha pediu ajuda, porque a garagem dela já estava alagada”, diz ele.
Segundo Júnior, a vizinha pediu abrigo na estamparia. “Deixamos ela entrar e fomos para o galpão de trás recolher as coisas, até que escutamos um barulho. Só deu tempo de proteger a cabeça. Foi muito assustador, fiquei preso entre uma mesa e uma caixa d’água”, disse o estampador Fernando Augusto Junior, 41.
Ele, João e Marcelo viram tudo cair abaixo em questão de segundos: “Demos sorte porque era telhado e não laje. Quando escutamos o estalo, o chão já tinha caído”, relembra.
Acompanhando tudo das câmeras, a dona da empresa, Raquel Vieira, 40 anos, estava em casa cuidando da irmã debilitada e pediu que o filho e as outras cinco pessoas que estavam no local permanecessem ali, já que caía um temporal na cidade.
Raquel viu que a estamparia começou a encher e que o filho e os funcionários tentavam proteger o estoque. O portão do local foi derrubado pela força da água e os dois galpões começaram a encher mais.
Busca por proteção
Com objetivo de salvar a mercadoria, três pessoas ficaram no galpão da frente e outras três no galpão de trás para tentar proteger os materiais com mais agilidade.
“Foi um desespero só. Vi tudo alagado e eles pegando as malhas, tentando proteger o material. Estava acompanhando tudo por vídeo, até que fui tomar uma água com açúcar e quando voltei, estava tudo escuro. Tive uma crise de ansiedade”, contou Raquel Vieira.
Ela e os funcionários estavam há apenas um ano e três meses no espaço alugado.
Segundo Raquel, o filho dela, Vinícius da Silva, estava com as outras pessoas no galpão da frente, quando ouviu um barulho muito alto e sentiu tudo tremer: “Ele foi correndo ajudar, gritava por eles, mas não ouvia nada. Ficou desesperado, achou que estavam todos mortos e saiu correndo para tentar se proteger”, contou Raquel.
João e Marcelo conseguiram levantar em meio aos escombros e ajudaram Júnior, que ficou com a perna presa. Os três conseguiram fugir pela casa da vizinha e foram abrigados. A água já passava de um metro e meio de altura.