
Em julgamento polêmico nesta terça-feira (27), o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) decidiu, por 5 votos a 2, manter os mandatos da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), e da vice-prefeita Camilla Nascimento (PP), rejeitando o pedido de cassação por denúncias de compra de votos nas eleições de 2024.
O caso girava em torno de supostos pagamentos a eleitores, com destaque para transferências via PIX e dinheiro em espécie. Segundo o processo, Simone Vieira Bastos, assessora da prefeita, teria sido responsável por repasses como os R$ 1.200 enviados a um eleitor e valores fixos de R$ 100 por voto, além de incentivos para adesivação de veículos.
Apesar das denúncias, a maioria dos magistrados concluiu que não havia provas suficientes ligando diretamente as gestoras aos ilícitos. O relator do processo, juiz Alexandre Antunes da Silva, reconheceu “indícios” de compra de votos, mas classificou como “frágeis” os depoimentos e ressaltou que a cassação sem provas robustas seria um golpe contra a soberania popular.
Já os votos divergentes destacaram a presença de elementos que, para eles, indicariam a participação do grupo político da prefeita. O juiz Vitor Guibo foi categórico ao apontar “estrutura montada para corromper o processo eleitoral”, defendendo não só a cassação, mas também a nulidade dos votos e aplicação de multa de R$ 253 mil.
Apesar da vitória no TRE-MS, a batalha jurídica pode continuar. A oposição ainda pode recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para tentar reverter o resultado.
Enquanto isso, Adriane Lopes segue à frente da Prefeitura de Campo Grande, blindada pela decisão judicial, mas com a gestão marcada por um julgamento que expôs fragilidades e tensões do processo democrático local.