
Na próxima quarta-feira, 8 de maio, às 19h30, a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras será palco do encontro “Leituras e Conversas”, um evento dedicado a relembrar e valorizar a produção literária do poeta, cronista e educador Lino Villachá. A atividade acontecerá na sede da instituição, localizada na Rua 14 de Julho, 4653, bairro Alto São Francisco, em Campo Grande.
Aberto ao público, o evento reunirá admiradores, estudiosos e leitores da obra de Villachá para uma noite de leitura coletiva, reflexões e trocas sobre sua contribuição à literatura sul-mato-grossense. Serão relembrados poemas, crônicas e trechos dos cinco livros publicados pelo autor, recentemente relançados na coletânea “Lino Para Sempre”.
A trajetória literária de Lino Villachá é marcada por dor, resistência e poesia. Poeta, cronista e educador, ele transformou a dura experiência de viver com hanseníase em um testemunho sensível e poderoso sobre a condição humana. Internado no Hospital São Julião, em Campo Grande, Lino fez da literatura um instrumento de denúncia, acolhimento e beleza — mesmo diante de severas limitações físicas.
A hanseníase, doença que o isolou socialmente, não o impediu de construir uma carreira intelectual admirável. Apesar das amputações, da atrofia nas mãos, perda auditiva e quase cegueira, Lino manteve-se ativo até o fim da vida. Com o auxílio de uma lupa e um lápis amarrado às mãos, escrevia e lia, registrando histórias e sentimentos do cotidiano do hospital.
Sua produção inclui poemas e crônicas profundamente marcados por espiritualidade, amor, dor, exclusão e esperança. Em 2024, sua obra foi relançada na coletânea “Lino Para Sempre”, reunindo os cinco livros publicados pelo autor.
Lino também teve papel de destaque em momentos históricos. Em 1991, foi o responsável pela saudação oficial ao Papa João Paulo II durante a visita do pontífice ao Hospital São Julião. Com um discurso emocionado, representou os pacientes com dignidade e sensibilidade.
Entre os fatos que marcaram sua vida pessoal, destaca-se o casamento com Zena Maria, enfermeira que conheceu por meio de suas poesias. A história de amor entre os dois é mais um símbolo da força transformadora da arte de Lino Villachá.
Hoje, sua obra segue viva e necessária, lembrando que mesmo nos contextos mais adversos, é possível encontrar voz, beleza e propósito. Lino não foi apenas um poeta da dor — foi também um poeta da esperança.
