Estudo apoiado pela Fundect gera a 1ª patente do óleo essencial de guavira para uso em cosméticos

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Doutora Érica Luiz dos Santos, Francisco Bitencourt Ottoni e Andrielly Cristina Santana - Fotos: Leandro Benites

Um estudo conduzido pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia (Fundect), com apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), revela novas possibilidades para a guavira, fruta símbolo de Mato Grosso do Sul. O estudo obteve o depósito da primeira patente da aplicação do óleo essencial da guavira em composições cosméticas, como perfumes, cremes e sabonetes, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi).

Coordenada pela doutora Nídia Cristiane Yoshida, no Laboratório de Pesquisa de Produtos Naturais Bioativos (PRONABio) da UFMS, a pesquisa visa explorar novas fragrâncias e bioativos nos frutos do Pantanal e do Cerrado. Além da guavira, outros frutos como acuri, envira preta e bocaiúva também estão sendo estudados para obtenção de óleos essenciais e extratos.

O diferencial do trabalho é o aproveitamento de resíduos subutilizados pela indústria alimentícia, como cascas e sementes, que foram transformados em produtos cosméticos. Segundo Nídia Yoshida, além do aroma agradável, o óleo essencial e o extrato da guavira demonstraram possuir propriedades antioxidantes, emolientes e clareadoras, tornando-se atrativos para uso em cosméticos.

Após dois anos de pesquisa, os resultados foram concretos: a cada quilo de cascas e sementes, os pesquisadores conseguiram extrair cerca de 5 mililitros de óleo essencial. Este óleo está sendo testado em diversos produtos, como sabonetes, perfumes, cremes e produtos capilares. A equipe também estuda o uso do hidrolato, um subproduto do processo de extração.

A obtenção da patente representa uma grande conquista para a equipe, pois protege a invenção e permite o registro de todo o processo produtivo dos fitocosméticos. O diretor-científico da Fundect, Nalvo Franco de Almeida Júnior, destaca que o projeto contribui para a Bioeconomia regional, ao estabelecer um modelo econômico sustentável que valoriza os recursos naturais do Cerrado e do Pantanal.

O estudo também recebeu apoio da doutora Érica Luiz dos Santos, especialista em Química de Produtos Naturais, através da Chamada Especial Fundect/UFMS 23/2022. A pesquisa conta com a participação de alunos de iniciação científica da UFMS e parcerias com instituições como a Agraer e o Cerrado em Pé.

Por incentivar a preservação da biodiversidade com inovação e tecnologia, o estudo foi inserido na Trilha Rupestre, um programa da UFMS que promove o fortalecimento cultural, turístico e econômico entre os municípios sul-mato-grossenses do corredor ecológico Cerrado-Pantanal. A pesquisa representa um passo importante na valorização dos recursos naturais da região e na geração de renda para as comunidades locais.