
40 anos de ensino e resistência: a trajetória da Escola Estadual Lino Villachá
A Escola Estadual Lino Villachá, localizada no bairro Nova Lima, carrega uma história de luta e dedicação que poucos conhecem. Fundada em 1985, a instituição surgiu da necessidade de uma escola de 2º grau para atender à crescente população da região de Campo Grande. O que torna essa história ainda mais especial é o fato de que sua construção foi fruto do esforço em parceira com comunidade, que ergueu a escola em mutirão.
O projeto de construção teve início no ano de 1984, durante o fim da ditadura militar, dentro do programa governamental “Projeto Periferia Viva” do MEC (Ministério da Educação). Diversas reuniões comunitárias foram realizadas com intensa participação popular e de agentes do projeto, culminando na criação da escola. Na época, a iniciativa foi apoiada por figuras importantes, como o então Secretário de Educação, Leonardo Nunes da Cunha.



No dia 7 de março de 1985, foi oficializada a Escola Estadual de 1º e 2º Graus “Lino Villachá”. Três anos depois, em 12 de maio de 1988, por meio do decreto nº 9.104 do governador Wilson Barbosa Martins, a escola passou a se chamar “Escola Estadual Lino Villachá”, homenageando um grande educador e escritor.



Quem foi Lino Villachá?
Nascido em 15 de agosto de 1938, em Terenos, Lino Villachá teve uma história marcada pela superação. Aos 12 anos, foi diagnosticado com hanseníase e precisou mudar-se com sua família para antiga Colônia São Julião, no bairro Nova Lima. A doença lhe trouxe grandes desafios, levando-o a amputar ambas as pernas e a perder parte dos movimentos das mãos. No entanto, isso não o impediu de se tornar um educador, poeta, escritor e cronista admirado.

Mesmo diante das dificuldades, Villachá se dedicou ao ensino e à escrita. Ele dirigiu a Escola Estadual Padre Franco Delpiano e recebeu diversos elogios da Agência de Educação pelo seu trabalho. Para escrever, utilizava um lápis amarrado às mãos e, mais tarde, passou a usar um computador. Trabalhou na secretaria do Hospital São Julião, onde lidava com dados e relatórios. Seus livros foram publicados no Brasil e na Itália, conquistando respeito e admiração.
Lino Villachá se tornou um símbolo de resistência e dedicação, utilizando sua literatura para dar voz às classes marginalizadas. Seu legado permanece vivo, inspirando todos que passam pela escola que leva seu nome.
Um legado para lembrar e valorizar
A Escola Estadual Lino Villachá completa 40 anos de histórias e conquistas, e sua trajetória merece ser reconhecida e valorizada. Muitos estudantes desconhecem o esforço da comunidade na construção da escola e a história de superação do patrono que lhe dá nome. O atual diretor, Olívio Mangolim, é um dos grandes entusiastas dessa memória, compartilhando com orgulho a história da instituição.
Para aqueles que desejam se aprofundar na história da escola, o livro “Uma escola que nasceu no coração e nos braços do povo”, disponível na biblioteca da instituição, é uma leitura indispensável.
A escola não é apenas um espaço de ensino, mas um símbolo de luta, perseverança e trabalho em comunidade. Valorizar essa história é essencial para garantir que futuras gerações compreendam a importância do seu legado.


Poema de Lino Villachá – “Viver é como brincar”
“Lutar e Viver
Desde manhãzinha, o pássaro busca seu sustento.
E os animais andam léguas à procura d’água para beber.
As árvores crescem em busca do sol e a hera se agarra às pedras para não sucumbir.
Correm águas para se renovar, giram os planetas, movem-se as galáxias, corre o dia, vem a noite, tudo luta e a vida se faz.
Por que hei de deixar que minha existência se esvaia como areia entre os dedos?
Ainda que breve como uma flor ou eterna como uma estrela, viver é se fazer presente!
Mesmo que me reste um toquinho de vida, ainda sim a minha vela ilumina o caminho.
Lutar para ser vida para os outros é o que dá sentido à vida.
Eis porque, mesmo entre as rochas da montanha, a flor encontra motivo para viver.”
Com o levantamento histórico e colaboração da ex-aluna Thayla Seixas Ferreira