
“Chorei sim pela ausência da amiga de trabalho. Hoje estou enlutada por todas as mulheres vítimas de feminicídio!”, este é um trecho que expressa o sentimento de tristeza e revolta que ronda os amigos de Albynna Freitas Ribas, assassinada aos 49 anos pelo ex-marido que não aceitava o fim do relacionamento.
Na tarde de terça-feira, dia 28 de fevereiro, a professora, mãe, amiga e mulher teve sua vida ceifada por Jair Paulino da Silva, de 52 anos, enquanto ia para o trabalho no bairro Jardim Anache, em Campo Grande. O autor das facadas foi preso momentos depois ao ser parado por populares e detido pela Polícia Militar.
Para poder expressar todos os sentimentos que deixaram muitos de luto esta semana, as redes sociais foram usadas de válvula de escape. Diversas despedidas foram feitas na internet mostrando o quanto Albynna era querida e amada por todos que mantinha por perto.
Morta um dia antes de completar 50 anos, uma amiga recordou a vontade da professora em comemorar a data. “Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo. Queria muito estar nesse momento te desejando toda felicidade do mundo, marcando uma festa de aniversário para comemorar seu dia, mas infelizmente não será possível. Um nojento, inútil, canalha e por aí vai… tirou você da sua rotina, família, amigos e serviço. Descanse em paz”.
Um primo optou por dizer que sempre lembrará de Albynna por seu jeito contagiante e da paz que passava aos que estavam a sua volta.
“Me arrependo de não ter feito uma simples visita ou ter mandando um simples oi… Querida prima, quero agradecer por ter me tratado como um filho. Prometo sempre lembrar do seu jeito contagiante e da paz que nos passava”, disse.
Algo em comum em todos as homenagens é sobre a pessoa incrível que Albynna era. A dor da perda pode ser sentida por quem lê os textos e esperava que o final desta história fosse diferente, afinal ela já havia dito ‘não’ e buscado pela justiça. Apesar de ser um dos três estados mais violentos para mulher no Brasil, sempre se espera que essa realidade fique longe do nosso convívio.
O lamento de uma colega de trabalho, que nunca mais poderá cumprimentar a professora, retrata esse sentimento de impotência.
“Na vida, podemos nos deparar com diversas situações que exigem muita força para superá-las. Todavia, nem sempre é fácil ser forte o tempo todo. Hoje foi um dia assim, dia de tristeza a ponto de me fazer chorar, chorar muito! Chorei sim! chorei pela perda de uma amiga de trabalho que diariamente me cumprimentava e não mais o fará”, comenta.
Ao continuar, ela fala sobre o feminicídio e também a impotência diante de situações como essa. “Ela foi vítima de feminicídio quando estava a caminho do seu trabalho. Morreu pela condição de ser mulher. Até quando meu Deus vamos ver estampadas nas páginas dos jornais reportagens sobre vidas perdidas por feminicídio? Até quando vamos chorar por outras mulheres que não aceitarem ser propriedades de homens desprovidos de caráter? Até quando????”.
A professora foi enterrada na tarde de quarta-feira (1°), no dia em que faria 50 anos. Por respeito a pedido dos amigos e familiares, o sepultamento não foi acompanhado pela imprensa.