
Nesta segunda-feira, dia 5, ocorreu uma audiência pública no Plenário Oliva Enciso, na Câmara Municipal, com o objetivo de debater a temática da “Educação Especial”. Diversas autoridades, entidades, vereadores, secretários, diretores e professores da comunidade escolar estiveram presentes.
A audiência foi convocada pela Comissão Permanente de Educação e Desporto, composta pelos vereadores Prof. Juari (presidente), Valdir Gomes (vice-presidente), Beto Avelar, Professor Riverton e Ronilço Guerreiro.
Durante o debate, Pipo, um jovem de 19 anos que é autista e cursa Biologia na UFMS, iniciou sua participação abordando os desafios que enfrenta em sua jornada educacional. Ele enfatizou a importância da educação especial inclusiva, que o auxiliou significativamente em seu processo de aprendizado. No entanto, ele também mencionou a falta de materiais adaptados durante sua alfabetização e o impacto emocional que isso causa. Pipo enfatizou que nem todas as escolas estavam preparadas para recebê-lo, mas destacaram a importância do acolhimento que receberam no ensino médio. Ele enfatizou que a responsabilidade pela educação especial inclusiva não é apenas da escola, mas de toda a sociedade, e pediu que todos os presentes na audiência ouvissem suas palavras e garantissem os direitos de todos.
O vereador Valdir Gomes destacou um problema presente no debate atual, ressaltando a importância de uma transição gradual e acolhedora para os estudantes. Ele argumentou que os professores de educação especial não podem ser transitórios, mas sim permanentes, e defendeu a realização de concursos exclusivos para essa área. Segundo ele, isso proporcionaria segurança aos profissionais e os encorajaria a se empenharem ainda mais em sua função.
O vereador Prof. Juari, proponente da sessão, expressou sua gratidão pela oportunidade de discutir um assunto tão importante. Ele enfatizou sua longa luta pela educação e manifestou sua preocupação em relação aos cortes de gastos que têm prejudicado a educação. Juari agradeceu ao secretário pela colaboração e afirmou que a Comissão de Educação estará sempre disponível para ajudar.
Eliani dos Santos, pedagoga, afirmou a necessidade de uma mudança rápida na educação, a fim de ajudar as crianças especiais desde cedo e promover seu desenvolvimento futuro, prevenindo problemas futuros. Ela defendeu uma melhoria na educação inclusiva, argumentando que é obrigatório incluir todas as crianças. Como mãe de um filho autista, ela afirmou que aprende com ele todos os dias e pediu a todos que façam algo pelas crianças especiais, investindo nelas desde cedo, pois isso resultará em menos dificuldades ao longo da vida. Eliani destacou a importância de contar com profissionais capacitados e enfatizou a necessidade de todos trabalharem juntos em prol da educação inclusiva.
A representante da Associação de Pais Responsáveis Organizados pelas Pessoas com Deficiência e Transtorno do Espectro Autista, Naína Dibo, cobrou a presença de professores de apoio especializado nas escolas da Reme (Rede Municipal de Ensino). “Eu venho aqui há muito tempo falando sobre esses problemas, essa audiência é o começo. A gente sofre, é doído, nós sofremos. Nós conseguimos trazer os problemas das mães para que a secretaria possa resolver. Agradeço pelo comprometimento de vocês, por lutar por essa causa”.
Alexandre Figueiredo, coordenador do Movimento Orgulho Autista Brasil, disse: “hoje temos o censo de 2022, 1792 crianças autistas laudadas em sala de aula. Cada vez mais o profissional precisa ser qualificado e a família também a par de tudo o que há com o filho. Toda a comunidade desenvolver este olhar. A informação é a inclusão. Acolher mais e julgar menos”.
Vários pais de crianças com deficiência estiveram presentes na audiência, solicitando mudanças e melhorias na educação dos filhos e pedindo profissionais de apoio para cada criança de acordo com sua necessidade. A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul se colocou à disposição dos pais e caso necessário até alteração de leis em prol das famílias.
Maria Lúcia de Fátima de Oliveira, Presidente do Conselho de Diretores e Diretores-adjuntos da REME participou do debate. “Nós diretores somos solidários nesta causa. Sempre trabalhando com a inclusão necessária. Temos que ter esse concurso para que os profissionais se empenham e ajudem nesse processo de aprendizado da criança”.
O Secretário Municipal de Educação, Lucas Bittencourt, apresentou propostas para ajudar na educação especial. “É um momento oportuno. A secretaria quer caminhar lado a lado com a comunidade, se erramos precisamos corrigir. Assumimos a gestão e já tínhamos um plano, mas adequamos ainda mais para caminhar com os servidores e a comunidade. Precisamos e vamos lutar. Trabalhar políticas publicas para a educação especial. Precisamos avançar, lutar por um concurso público, já lotamos o pessoal e vamos criar uma política pública de educação especial em Campo Grande. Com união seremos referência nacional”, destacou.
Foi feitos mais de 10 encaminhamentos no final da audiência, dentre eles, formação para os profissionais, processo seletivo com profissionais qualificados, recursos e materiais para atender as especificidades educacionais, criação de um centro para atendimento e diagnostico para os alunos especiais e de acompanhamento, concurso para professores efetivos ainda em 2023 e políticas para o incentivo das escolas particulares para inclusão.
Assessoria de imprensa