
Em 2024, o Brasil registrou 34 pontos e a 107ª posição no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), da Transparência Internacional. Este é o pior desempenho do país desde o início da série histórica, em 2012, marcando uma queda de dois pontos e três posições em relação ao ano anterior.
O resultado reflete um retrocesso significativo, já que, em 2012 e 2014, o Brasil atingiu suas melhores pontuações, com 43 pontos. A atual pontuação coloca o país em empate com Argélia, Malauí, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia, com uma diferença crescente em relação às nações mais bem colocadas no ranking.

O IPC, divulgado anualmente, avalia a corrupção no setor público com base na percepção de especialistas, acadêmicos e empresários. Em 2024, o Brasil não conseguiu avançar nas políticas anticorrupção e, ao contrário, viu a corrupção se consolidar, com a crescente presença do crime organizado no governo.
Entre os melhores classificados no índice estão Dinamarca, Finlândia e Cingapura, enquanto Sudão do Sul e Somália figuram entre os piores. No ranking regional, o Brasil ficou abaixo da média da América Latina e do mundo, e, entre os países do G20, ocupa a 16ª posição, atrás de países como México e Rússia.
A Transparência Internacional também lançou o relatório “Retrospectiva Brasil 2024”, que aponta retrocessos no combate à corrupção, como a falta de ação do governo sobre o tema e o silêncio do presidente Lula a respeito da agenda anticorrupção. Além disso, a renegociação de acordos de leniência e a permanência de ministros investigados marcam um cenário de impunidade.
O relatório também destaca a corrupção com impacto ambiental, mencionando investigações como a Operação Overclean e a Operação Greenwashing, que envolvem esquemas de desvio de recursos no combate à seca e no mercado de carbono, respectivamente. A corrupção nos setores de terra e justiça também contribui para o aumento dos conflitos fundiários e do desmatamento, agravando a crise climática.
Apesar de alguns avanços, como a maior transparência nas emendas parlamentares e o combate ao desmatamento ilegal, o Brasil enfrenta um cenário de instabilidade no combate à corrupção, com desafios crescentes para reverter essa trajetória. A perspectiva de um cenário mais transparente depende de um esforço conjunto das instituições e da sociedade, especialmente diante da COP 2024, que será realizada no Brasil.
(*) Com informações da Organização Transparência Internacional