
Após a Polícia Federal apontar esquema de lavagem de dinheiro, fraude e superfaturamento em licitações públicas no Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), o órgão informou a suspensão do pagamentos a empresa Dataeasy nesta segunda-feira (12). Para a PF, o empreendimento lavava dinheiro do órgão por meio de licitações fraudulentas, incluindo a compra de brigadeiros.
A decisão foi tomada pelo presidente interino do TCE-MS, conselheiro Jerson Domingos, após a PF apontar indícios de irregularidades no contrato, em vigência até 24/01/2023, sem possibilidade de prorrogação.
Esquema derruba três conselheiros
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/X/e/5Bwa7dQgmAem4dgv5bpQ/conselheiros.jpg)
Três conselheiros do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), incluindo o presidente do órgão, Iran Coelho das Neves, estão envolvidos em esquema de lavagem de mais de R$ 100 milhões, segundo operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quinta-feira (8). A investigação aponta que o dinheiro era “lavado” por meio de licitações fraudulentas, incluindo a compra de brigadeiros e fazendas no Maranhão.
Além de Iran Coelho das Neves, os conselheiros Waldir Neves Barbosa e Ronaldo Chadid foram citados como integrantes do esquema de lavagem de dinheiro, fraude e superfaturamento em licitações públicas. As defesas de Waldir e Iran confirmaram o processo e disseram que vão recorrer da decisão. O g1 não encontrou a defesa do conselheiro Ronaldo Chadid.
Segundo a investigação da Polícia Federal, o esquema de corrupção começou com a licitação de serviços da empresa Dataeasy, que tem sede no Distrito Federal. Para a PF, a empresa recebeu mais de R$ 100 milhões do TCE-MS em licitações fraudulentas desde 2018.
A PF aponta que a empresa de serviços digitais Dataeasy foi beneficiada em licitações públicas. A partir do material apreendido, as investigações mostraram que a empresa do DF lavava o dinheiro que recebia do TCE-MS e devolvia partes aos conselheiros e alguns servidores do órgão.
Não foram apenas os três conselheiros apontados como integrantes do esquema. Os servidores Douglas Avedikian, Thais Xavier Ferreira da Costa e Parajara Moraes Alves Júnior também foram citados como integrantes do esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e peculato.
O advogado do Parajara informou que teve acesso a decisão e que a “defesa em breve irá se manifestar no processo em Brasília, esclarecendo equívocos da investigação”. O g1 não encontrou as defesas dos outros servidores.
Brigadeiros e fazendas no Maranhão
Em um dos apontamentos foi encontrado que o conselheiro Waldir Neves Barbosa comprou fazendas no Maranhão com a “suspeita de lavagem de dinheiro, tendo em vista a grande diferença no preço das áreas rurais após cerca de 10 anos”, destaca o ação da PF a qual o g1 teve acesso.
Além das propriedades rurais, a empresa Dataeasy, principal citada como fio condutor para o desvio do dinheiro público, teve movimentação financeira a pelo menos 38 pessoas físicas ou jurídicas que foram classificadas como sendo relacionadas à licitação do projeto TCE/MS.
Uma dessas empresas citadas no sistema da Dataeasy foi a confeitaria Damel, totalizando um repasse de R$ 627 mil em doces apenas no mês de janeiro de 2019. Para a PF, o que causa estranheza, no entanto, é que esse montante está relacionado ao projeto TCE/MS, segundo a própria empresa de tecnologia.
Veja outros itens de valores comprados pela Damel ao TCE-MS:
- Brigadeiro – R$ 5.400,00
- Brigadeiro Branco – R$ 6.840,00
- Brownie – R$ 33.800,00
- Caixa com 10 Paes de Mel e 10 Brownies – R$ 328.782,00
- Caixa com 5 Brownies – R$ 8.410.00
- Empada – R$ 14.040.00
- Kit Festa 1 – R$ 151.536.00
- Mini Coxinha – R$ 11.520,00
- Mini Quibe – R$ 11.520,00
- Pão de Mel – R$ 37.800,00
- Refrigerante – R$ 1.800,00
- Sheil – R$ 6.120,00
- Caixa – 5 Paes de Mel – R$ 10.150,00
O g1 tentou contato com a Dataeasy e com a confeitaria Damel, ambas não atenderam as ligações.
Com informações do G1-MS