
Faleceu na tarde desta quinta-feira (22), no Rio de Janeiro, o educador e linguista pernambucano Evanildo Bechara, aos 97 anos. Ele estava internado há cerca de um ano no hospital Placi, e a causa da morte foi falência múltipla de órgãos.
Nascido no Recife em 1928, Bechara mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro, onde construiu uma carreira marcada por profundas contribuições ao ensino da língua portuguesa. Formado em Letras Neolatinas, ele começou a lecionar aos 20 anos e, aos 17, já havia publicado seu primeiro ensaio, intitulado “Fenômenos de Intonação” — um prenúncio de sua dedicação à gramática e à reflexão sobre o idioma.
Membro da Academia Brasileira de Letras, Bechara era considerado um dos principais gramáticos do país. Defendia que o ensino da língua portuguesa deve valorizar tanto a norma-padrão quanto as variações linguísticas regionais e sociais, capacitando os alunos a compreender o idioma em suas diversas formas.
Mesmo nos últimos anos de vida, manteve-se ativo e provocativo nos debates sobre a língua. Aos quase 95 anos, gerou discussões ao apoiar a inclusão do termo “dorama” — palavra de origem japonesa e coreana que significa “drama” — no dicionário da ABL, demonstrando sua visão dinâmica da linguagem.