
A crise do transporte coletivo urbano em Campo Grande ganhou novos contornos nesta segunda-feira (12), com os depoimentos de dois servidores da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) à CPI do Transporte Público, da Câmara Municipal. As oitivas revelaram uma estrutura desgastada, falhas graves de fiscalização e uma frota que envelhece sem controle, deixando milhares de usuários na mão todos os dias.
No plenarinho Edroim Reverdito, o ex-fiscal da Agetran Luiz Carlos Alencar Filho afirmou que o sistema está em decadência. “A quantidade de usuários vem diminuindo, a frota está envelhecendo e a manutenção se torna mais cara”, destacou. Segundo ele, o controle sobre a idade média dos ônibus — que até 2019 era de cinco anos — se perdeu após a pandemia, comprometendo diretamente a qualidade do serviço prestado.
O atual diretor de Transporte e Mobilidade Urbana da Agetran, Henrique de Matos Moraes, apresentou números alarmantes: só em 2024 já foram lavradas 1.726 autuações contra o Consórcio Guaicurus, responsável pela operação do transporte coletivo na capital. Entre elas, 593 por atrasos nas viagens, 178 por não cumprir o horário de chegada, 164 por não cumprir o horário de saída, 144 por omissões de viagens e 110 por problemas nos veículos reservas.
O presidente da CPI, vereador Dr. Lívio, foi direto: “Há problemas de fiscalização, de manutenção, de qualidade dos veículos. E quem sofre com a precariedade desse serviço é a população.” A relatora, vereadora Ana Portela, reforçou que a responsabilidade não é apenas do Consórcio. “Temos que olhar para quem deveria fiscalizar esse contrato com mais rigor.”
Além dos depoimentos, a CPI revelou que já recebeu 485 denúncias de usuários que relatam falhas recorrentes no sistema, desde atrasos constantes até ônibus em péssimas condições. A próxima oitiva está marcada para quarta-feira (14), às 14h, quando o diretor-presidente da Agetran, Paulo da Silva, será ouvido.
*Assessoria de imprensa Câmara Municipal de Vereadores