
Próximo do retorno das aulas na rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul, o governador Eduardo Riedel regulamentou a lei federal que proíbe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos portáteis dentro das escolas estaduais. A medida foi oficializada por meio de uma resolução da Secretaria Estadual de Educação (SED), publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (06).
A proibição vale para estudantes de todas as etapas da educação básica e se aplica tanto ao período regular quanto extracurricular. Caso levem os aparelhos para a escola, os alunos deverão mantê-los desligados e guardados na mochila, assumindo total responsabilidade por eventuais extravios ou danos.
O descumprimento da norma poderá resultar em advertência verbal, registro de ocorrência com comunicação aos responsáveis e até recolhimento temporário do aparelho, que será devolvido apenas aos responsáveis pelo estudante. Além disso, a regra também se estende a momentos de recreio e intervalos.
Desafios da adaptação
Apesar do objetivo de incentivar a concentração e melhorar o desempenho acadêmico, especialistas alertam para os desafios da adaptação à nova regra. Segundo a psicopedagoga e mestre em neurociência Gláucia Benini, a ausência dos celulares pode aumentar a ansiedade entre crianças e adolescentes no início.
“Esse tempo imposto sem o celular pode trazer a sensação de separação de algo que, para eles, é quase uma extensão do próprio corpo. Isso pode levar à dificuldade de concentração e até à falta de foco nos estudos”, explica.
Além disso, a especialista destaca o fenômeno da ‘síndrome da checagem’, em que o cérebro se condiciona a verificar o celular constantemente, mesmo sem notificações. Segundo Gláucia, esse comportamento pode se tornar um hábito difícil de romper.
Entretanto, a restrição pode trazer benefícios a longo prazo. “Depois desse período de ‘desmame’, os estudantes tendem a desenvolver maior capacidade de concentração e foco, impactando positivamente o aprendizado e a interação social”, conclui.