Empresa é investigada por vender carne estragada maquiada como produto importado

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Carne que ficou submersa nas enchentes do RS e foi revendida por empresa Foto: Reprodução / TV Globo

A empresa Tem Di Tudo, localizada em Três Rios (RJ), é alvo de investigações policiais após revender 800 toneladas de carnes bovina, suína e de aves estragadas que haviam sido submersas em enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo a polícia, as carnes foram lavadas para retirar lama, “maquiadas” e embaladas como se fossem de uma marca uruguaia, sendo comercializadas como nobres e próprias para consumo humano.

De acordo com o delegado Wellington Vieira, a Tem Di Tudo adquiriu as carnes de um frigorífico em Canoas (RS), alegando que o produto seria transformado em ração animal. No entanto, a empresa adulterou as carnes e as revendeu para um frigorífico em Nova Iguaçu (RJ) como se estivessem em boas condições.

Esquema lucrativo e riscos à saúde

A empresa comprou as carnes deterioradas por apenas R$ 80 mil, enquanto o valor do produto de boa qualidade estava estimado em R$ 5 milhões. Parte das carnes voltou ao frigorífico original, em Canoas, o que permitiu a descoberta do esquema, já que o lote identificado nas embalagens era o mesmo que havia sido vendido anteriormente como material impróprio para consumo.

As carnes passaram por várias revendas, com registros fiscais indicando que o produto foi enviado para empresas em Minas Gerais e outros estados, antes de retornar ao frigorífico gaúcho. Segundo a Delegacia do Consumidor (Decon), 32 carretas transportaram as carnes adulteradas para diferentes destinos em todo o Brasil.

A polícia alerta que a ingestão das carnes representava sério risco à saúde, pois produtos submersos em água contaminada podem conter agentes prejudiciais e perigosos. “Todas as pessoas que ingeriram a carne correram risco de vida”, destacou Vieira.

Outros crimes descobertos

Durante as investigações, a polícia também apreendeu na sede da Tem Di Tudo diversos produtos vencidos, incluindo medicamentos, testes de Covid-19, cigarros e cosméticos. Até o momento, quatro pessoas foram presas e responderão por associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos.