Brasil segue como o país que mais mata pessoas trans no mundo, apesar da queda no número de mortes

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Foto: Tomaz Silva - Agência Brasil

Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024, da Rede Trans Brasil, revela que o país continua sendo o que mais mata pessoas trans no mundo, pelo 17º ano consecutivo. Apesar de uma pequena queda em relação ao ano anterior (14 casos a menos), o número de assassinatos ainda é alarmante: 105.

Nordeste lidera em número de mortes:

A Região Nordeste concentra o maior número de casos (38%), seguida pelo Sudeste (33%). São Paulo lidera entre os estados com 17 assassinatos, seguido por Minas Gerais (10) e Ceará (9).

“Pequeno alívio, mas a luta continua”:

Isabella Santorinne, secretária adjunta de Comunicação da Rede Trans Brasil, destaca que a queda no número de mortes é um alívio, mas ressalta que a violência e o preconceito ainda persistem. “A trajetória mostra que, embora existam sinais de progresso, a luta está longe de acabar”, afirma.

Brasil lidera ranking global de transfeminicídios:

A pesquisa Trans Murder Monitoring, que monitora os assassinatos de pessoas trans em nível global, registrou 350 mortes em 2024, o maior número já registrado. A América Latina e o Caribe concentram 70% dos casos, com o Brasil liderando o ranking com 106 mortes.

Contradição entre consumo de pornografia e violência:

Santorinne aponta a contradição entre o alto consumo de pornografia trans no Brasil e a violência contra essa população. “As pessoas sentem prazer e desejo pelos nossos corpos, e ao mesmo tempo sentem ódio e repulsa”, declara.

Perfil das vítimas:

A maioria das vítimas (93,3%) são mulheres trans ou travestis, entre 26 e 35 anos, pardas ou pretas, e trabalhadoras sexuais. O dossiê destaca a vulnerabilidade dessa população e a necessidade de políticas públicas eficazes para garantir sua segurança e dignidade.

Dossiê como ferramenta para mudança:

O dossiê da Rede Trans Brasil visa dar visibilidade à violência contra pessoas trans e pressionar por políticas públicas de proteção e inclusão. “Faltam políticas públicas voltadas para a proteção de pessoas trans”, afirma Santorinne, enfatizando a urgência de ações que promovam educação inclusiva, empregabilidade, acesso à saúde e segurança para essa população.

*Com informações Agência Brasil