Fogo ameaça espécies e projetos ambientais na Estância Caiman, no Pantanal

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Araras-azuis no Refúgio Ecológico Caiman, no Pantanal do Mato Grosso do Sul - Foto: Kefany Ramalho/Instituto Arara-Azul

O Instituto Arara Azul, liderado pela bióloga Neiva Guedes, tem se dedicado à conservação das araras-azuis no Pantanal há quase 30 anos. O projeto, que visa garantir a reprodução e proteção dessas aves ameaçadas, enfrenta agora uma nova e crescente ameaça: os incêndios florestais.

Nos dias 1º e 2 de agosto, um incêndio de grandes proporções atingiu a Estância Caiman, em Mato Grosso do Sul, onde está localizada a base principal do instituto. De acordo com Neiva, o fogo foi descrito como “avassalador”, destruindo árvores centenárias que são fundamentais para a alimentação das araras-azuis, que dependem de frutos de palmeiras como acuri e bocaiuva, que levam anos para frutificar.

O incêndio consumiu cerca de 80% da Estância Caiman, uma área de 53 mil hectares que abriga, além do Instituto Arara Azul, outros importantes projetos ambientais, como o Onçafari e o Instituto Tamanduá. Os danos não se limitaram às plantas; animais como tamanduás, antas e uma onça-pintada foram resgatados com ferimentos, mas a maioria não sobreviveu.

Gustavo Figueirôa, diretor do SOS Pantanal, destacou a gravidade da situação, lembrando que os incêndios recorrentes, aliados à seca, causam uma devastação contínua na fauna do Pantanal, resultando em morte e sofrimento para inúmeras espécies.

O impacto desses incêndios é tão severo que o Instituto Tamanduá, que ainda estava reabilitando filhotes de incêndios passados, foi obrigado a remover os animais de volta à cativeiro, o que, segundo a coordenadora Flávia Miranda, representa um retrocesso significativo no trabalho de conservação realizado nos últimos anos.

Enquanto o Instituto Arara Azul e outras organizações continuam a lutar pela sobrevivência das espécies no Pantanal, a crescente frequência e intensidade dos incêndios representam um desafio sem precedentes, exigindo novas estratégias para proteger esse ecossistema único.