Furtos em Campo Grande pode ter ligação com falhas no monitoramento de presos

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Incêndio atingiu Casa do Albergado, Estabelecimento Penal de Regime Aberto em Campo Grande - Foto: LSSCom/CBN-CG - 18/11/2023"

Bairros da região norte de Campo Grande têm visto um aumento nos casos de furtos noturnos em estabelecimentos, residências e outros locais. Muitos moradores estão relatando esses ‘perrengues’ diretamente ao Jornal Nova Lima News via WhatsApp. Alguns são registrados na Polícia Civil, mas em muitos casos as vítimas nem procuram a Polícia devido à “burocracia”.

A população reclama da falta de segurança e exige uma maior presença das forças de segurança, como a Polícia Militar. No entanto, a situação pode não ser totalmente atribuída à Polícia Militar ou à Guarda Civil Metropolitana. De acordo com fontes da segurança pública, a onda de crimes pode estar ligada a elementos que estão no regime aberto em Campo Grande.

Em 18 de novembro de 2023, a Casa do Albergado, um presídio de regime aberto em Campo Grande, localizada na Rua América Marques, na Vila Sobrinho, sofreu um incêndio. Desde então, os presos deste regime foram transferidos para o ‘regime domiciliar’, e conforme as fontes, estariam sem monitoramento adequado. Alguns desses presos usam tornozeleiras eletrônicas, mas outros não estão sob qualquer tipo de controle.

O regime aberto é destinado a condenados por crimes de menor potencial ofensivo, cujas penas não excedem quatro anos. Esses internos devem trabalhar durante o dia e se recolher na Casa do Albergado à noite e nos dias de folga. Após o incêndio, muitos desses presos estão cumprindo suas penas em casa, sem supervisão eficaz, o que pode estar contribuindo para o aumento da criminalidade, dizem fontes.

A redação buscou informações junto às autoridades competentes. Contatos foram feitos com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) e o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.

No entanto, até o momento, nenhuma das entidades citadas forneceu uma resposta ou comentário sobre a situação. A equipe do Jornal Nova Lima News mantém o espaço aberto para eventuais manifestações.

Com uma população carcerária de aproximadamente 827 mil presos, o Brasil enfrenta um sério problema de reincidência criminal. Estudos indicam que cerca de 32% dos ex-detentos retornam ao crime após deixarem o sistema prisional. O Instituto Igarapé compilou dados de 111 estudos ao longo de quatro décadas para chegar a essa conclusão.

Um estudo conjunto do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) revela números ainda mais preocupantes. A reincidência chega a 37,6% para novos cumprimentos de pena em até cinco anos, aumentando para 42,5% se considerarmos qualquer retorno ao sistema prisional, mesmo sem uma nova condenação.

(*) Com informações do Estadão.

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