
Diante de uma crise econômica generalizada no Brasil, especialistas afirmam que é possível sair do sufoco financeiro com planejamento e assim, ter uma vida melhor, próspera e feliz
Pasmem, mas 74% da população brasileira está endividada! O dado da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), através da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), de setembro de 2021, apontou que 10,9% dos brasileiros não têm condições de pagar suas dívidas. Antes da pandemia era de 69%.
São 19 milhões de pessoas desempregadas hoje, isso em um país no qual a inflação elevou em 10,25% nos preços nos últimos 12 meses. Uma crise econômica generalizada e sem precedentes. “É a maior taxa e o maior contingente de desocupados de todos os trimestres da série histórica, iniciada em 2012”, informou o IBGE.
Desde abril de 2020, 3,3 milhões de pessoas perderam seus empregos, segundo dados da Pnad/IBGE. O total do pessoal desocupado, no trimestre de fevereiro até abril, ficou em 48,5%, e se mantém abaixo dos 50% desde o trimestre divulgado em maio do ano passado, indicando que menos da metade da população apta ao trabalho tem emprego no Brasil.
É claro que pessoas com e sem planejamento financeiro pessoal conseguiram lidar com as adversidades financeiras. Porém, para quem estava sem suas finanças sob controle, os desafios com a inflação, aumento do preço dos alimentos, redução de carga horária no trabalho, dentre outros, funcionaram como uma montanha-russa de emoções, e sem freio!
Em tempos de crise como a que o Brasil está passando, com o desemprego em alta e famílias e empresas tentando equilibrar seus orçamentos, muita gente tenta proteger seu dinheiro e até obter algum ganho adicional com investimentos, protegendo suas finanças pessoais.
Contudo, quanto maior o ganho, maior o risco associado a ele, não raro, pessoas acabam perdendo dinheiro, às vezes muito dinheiro! Daí vem o desespero, que pode comprometer sua saúde mental.

Quem nunca teve problemas financeiros? Quem nunca passou “aperto” por falta de dinheiro? Quem nunca se preocupou em ganhar dinheiro, pagar dívidas, comprar alguma coisa a mais? Todos nós! O problema é que ao viver essa situação junto a ânsia de querer melhorar a condição financeira acaba afetando a saúde mental. É uma questão de tempo para outras áreas sofrerem também.
Então, crises financeiras intensificam o estresse e geram uma série de emoções negativas que agravam o humor. Preocupar-se constantemente com a possível escassez de seus recursos financeiros também causa insônia e ansiedade, podendo afetar a pessoa durante o dia.
A pessoa com saúde mental debilitada e problemas financeiros entra em um ciclo de preocupação, estresse e insatisfação contínua com a sua realidade. Por se encontrar em uma situação desconfortável, ela também pode ter vergonha ou medo de compartilhar os seus impasses com os outros, optando por se afastar de amigos e familiares. Sozinha, contudo, dificilmente consegue reestruturar as áreas debilitadas de sua vida.
O “X” da questão é que quanto mais problemas com dinheiro uma pessoa possui, mais emoções, sentimentos e pensamentos negativos ela alimenta. Isso pode gerar depressão e ansiedade, ambos interferem na capacidade da pessoa de tomar decisões em razão da apreensão constante, podendo refletir em uma má gestão da vida financeira.
Se você não consegue trabalhar e o trabalho é a sua principal fonte de renda, como ganhará dinheiro para ter uma vida confortável? Difícil! “O povo está saindo da pandemia, muitos perderam o emprego estão tendo que se virar com qualquer coisa e isso traz uma ansiedade, fora todo o panorama emocional que as pessoas estão vivendo de incertezas, medo e perdas. Nessa necessidade que as pessoas têm de buscar fonte de renda para suas famílias a deixa desestabilizada”, argumenta a psicanalista Ilma Cunha.
Segundo a psicanalista, aí entra uma questão importante. É preciso ter produtividade, mas para isso, temos que qualificar melhor o nosso tempo, trocando ideia com a família, pensar em ações estratégicas e confiar em Deus.
“Tempo de crise é tempo de ajustes e o que nós não podemos deixar é o desespero tomar conta. A fé e a esperança sempre nos fortalecem e nos ajudam a vislumbar possibilidades. Somos criativos, então quando a família está junta, por um propósito maior sempre vão surgir boas alternativas. Não adianta cruzar os braços e começar a chorar e se fazer de vítima”, considerou.
Segundo Ilma, o foco é pensar no que podemos fazer por nós mesmo hoje. “Ninguém vai fazer por nós aquilo que nós temos que fazer. Nem Deus vai mandar um anjo do céu vir aqui e organizar nossas finanças. Tempo de crise é tempo de criatividade”.
E como é possível ter uma vida mais leve e saudável, tendo equilíbrio na vida financeira com as demais áreas do nosso corpo? “Se alma e espírito vão bem, o corpo vai receber os benefícios O que a gente mais precisa hoje nesses tempos de desafio é ter paz e só temos isso com a presença do Senhor em nós A paz nos ajuda a enfrentar os desafios sabendo que não estamos só na nas lutas, mas precisamos ter uma vida espiritual sólida e consistente”.
Além de ter paz e confiança em Deus, o foco é mudar a mente e pensar positivo que tudo vai se resolver. “A mente renovada vai nos fazer pensar naquilo que podemos fazer e não nas impossibilidades, perdas e sofrimentos. Quando a nossa alma está turbulenta e agitada, busque a Deus. Não tem outro caminho”, aconselhou a psicanalista.

Por isso, a palavra mágica da vez é: planejamento! Sem um planejamento financeiro pessoal, os desafios econômicos tornam a vida financeira uma montanha-russa. Então, o melhor caminho é dedicar-se a elaborar um plano estratégico para sair desse sobe e desce sem controle. Hoje isso é mais que uma necessidade!
As consequências da falta de planejamento são sempre cobradas ao preço de grandes sofrimentos, privações, prejuízos e, por vezes, humilhação. “A virada do calendário é algo muito significativo, pois inaugura um novo período. Zeramos as contagens e isto nos reanima. Motivamo-nos a começar coisas novas e, nesse contexto, planejar é muito importante”, afirma o pastor e consultor empresarial Usiel Carneiro de Souza, alertando, porém, que é preciso colocar em prática o planejado para colher benefícios.
Planejamento feito, agora a tarefa é honrar os compromissos! Uma vez feito o orçamento detalhado e o planejamento de gastos, é preciso mantê-lo em pleno funcionamento. Aqueles que se encontram endividados devem aproveitar o momento para honrar os compromissos e serem cautelosos a fim de evitar novas dívidas.
De acordo com o especialista em finanças, Ivonildo Teixeira, para sanar uma dívida alguns passos são importantes. É preciso assumir a despesa e se comprometer a pagá-la; procurar os credores e negociar da melhor maneira o pagamento do valor devido, e reduzir os gastos evitando fazer novas dívidas, até que o problema seja solucionado.
“As pessoas devem aprender com as lições vividas e sempre se perguntar: tenho necessidade de fazer tal compra? Esse desejo é prioridade ou apenas um impulso? Conseguiria viver sem comprar isso agora? Esses questionamentos evitam que as pessoas caiam nos mesmos erros”, ensina o pastor, que já publicou 34 livros sobre o tema.
Mesmo no atual contexto que vivemos, onde todos lutam para sobreviver, ter um orçamento controlado garante que a situação financeira fique sob controle, além de trazer possibilidades de uma rentabilidade melhor.

Fonte: Revista Comunhão